sexta-feira, 12 de junho de 2009

Simulado CN x Adj Adn

Olá guerreiros!

Daremos sequência ao estudo do tema do post passado (CN x Adj Adn) com um simulado elaborado por mim, ou seja, nada de questões de provas. Prefiro que vocês postem nos comentários ou me mandem por email suas dúvidas, como alguns já estão fazendo.

Gostaria que postassem os gabaritos aqui no blog, para que eu tenha noção do desempenho de vocês e direcione a correção para os erros mais frequentes ok?! Vamos lá!

 

1- De acordo com a leitura da seguinte súmula do STF, marque a opção correta:

 

STF- Súmula 670 – O serviço de iluminação pública não pode ser remunerado por taxa.

 

I- a expressão em negrito deve ser classificada como complemento nominal.

II- a expressão sublinhada não deve ser classificada como adjunto adnominal, mas sim como complemento nominal.

III- é possível identificar apenas um adjunto adnominal na súmula.

 

a) apenas I está correta.

b) apenas II está correta.

c) apenas III está correta.

d) todas estão corretas.

e) todas estão erradas.

 

2- Acerca do artigo 5º, inciso VI da CF, é possível afirmar que há:

 

Art 5º, VI: é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e suas liturgias.

 

a) dois complementos nominais

b) três complementos nominais

c) quatro complementos nominais

d) cinco complementos nominais

e) seis complementos nominais

 

 Em relação à frase:

 “ Handhelds, ou computadores de mão, são chamados, também, pelas pessoas de palmtops, ou ainda de pocket PCs.”

 

3- a expressão em negrito (de mão) exerce função de:

 

a) adjunto adnominal

b) adjunto adverbial

c) complemento nominal

d) predicativo do sujeito

e) agente da passiva

 

4- a expressão em itálico (pelas pessoas) exerce função de:

 

a) adjunto adnominal

b) predicativo do objeto

c) complemento nominal

d) objeto indireto

e) agente da passiva

 

5- as expressões sublinhadas (de palmtops / de pocket PCs) exercem função de:

 

a) adjunto adnominal

b) predicativo do objeto

c) complemento nominal

d) predicativo do sujeito

e) objeto indireto

 

 Observe o seguinte parágrafo sobre poder discricionário:

 

“Poder discricionário é o conferido à administração para a prática de atos discricionários (e sua revogação), ou seja, é aquele em que o agente administrativo dispõe de uma razoável liberdade de atuação, podendo valorar a oportunidade e conveniência da prática do ato, quanto ao seu motivo, e escolher, dentro dos limites da lei, o seu conteúdo.”

                                       (Direito Administrativo Descomplicado.             

Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo)

 

6- Quantos complementos nominais podem ser identificados?

 

a) 4

b) 5

c) 6

d) 7

e) 8

 

7- Quantos adjuntos adnominais podem ser identificados?

 

a) 16

b) 17

c) 18

d) 19

e) 20

 

8- Qual a função da expressão em negrito?

 

a) adjunto adnominal

b) predicativo do objeto

c) complemento nominal

d) objeto indireto

e) agente da passiva

 

9- É possível dizer que o termo sublinhado introduz um(a):

 

a) adjunto adnominal

b) adjunto adverbial

c) complemento nominal

d) oração subordinada

e) oração reduzida

10- Analise as seguintes afirmativas:

 

I- quando identificamos que o termo preposicionado se refere a um substantivo abstrato, é correto afirmar que não se trata de um adjunto adnominal.

II- sempre que um termo preposicionado estiver relacionado a um adjetivo ou a um advérbio, trata-se de um complemento nominal.

III- preposições relacionais e nocionais referem-se respectivamente a adjuntos adnominais e complementos nominais.

 

a) apenas I está correta.

b) apenas II está correta.

c) apenas III está correta.

d) todas estão corretas.

e) todas estão erradas.

 

É isso aí pessoal!

Em breve postarei o gabarito e a resolução das questões ok?!

Bons estudos!

 

Diego Garcia (Dimalkav)

dimalkav@yahoo.com.br

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Complemento Nominal x Adjunto Adnominal

Olá concurseiros!

Continuando a série de posts tratando de temas recorrentes nas provas da FGV (Fundação Getúlio Vargas), tendo em vista o concurso para fiscal de rendas do RJ, tratarei hoje de um assunto do qual a banca gosta muito, tanto que reserva sempre uma questão para tratar do tema: complemento nominal x adjunto adnominal.

Como sempre, não pretendo esgotar o assunto nesse texto, até porque há várias regras muito específicas, que não caem em concursos. Entretanto, como estamos falando da FGV, tentarei ser o mais abrangente possível, já que quando querem que erremos a questão, os examinadores fazem de tudo.

        

diferença básica: enquanto o complemento nominal é um termo preposicionado, o adjunto adnominal pode ser um artigo, um adjetivo, um numeral, um pronome, ou seja, é muito mais fácil encontrarmos adjuntos em uma frase.

 

Exemplo: Meus leitores têm confiança nos longos textos do blog.

Quantos CN e Adj Adn vocês conseguem identificar? (Esta pode ser uma questão da prova.)

A resposta deve ser: CN – 1 (nos longos textos)

                             Adj Adn - 4 ( meus / os / longos / o )

 

1º lembrete: não confundam complemento nominal e complemento verbal. Este funciona como um objeto (no nosso caso, um objeto indireto por causa da preposição). Aquele se refere a um nome (adjetivos e substantivos são nomes, por exemplo).

Exemplo: Meus leitores confiam nos textos do blog. (percebam a mudança de “têm confiança” para “confiam”)

2º lembrete: da mesma forma, tomem cuidado com adjuntos adverbiais, já que estes se referem a verbos e seguem a classificação dos avérbios.

 

A diferença entre as funções parece clara com o exemplo simples que eu formulei, porém, a maior dificuldade não está na diferença, mas sim na semelhança entre CN e Adj Adn. Vejamos:

Perceberam que, no primeiro exemplo, a preposição “de” foi usada duas vezes, mas com funções diferentes? (na verdade, a preposição não tem função sintática, sendo apenas um elemento de transição)

É justamente essa semelhança entre um CN e um Adj Adn (ambos podem ser antecedidos de preposição) que o examinador gosta de explorar para tentar nos confundir, principalmente usando a preposição “de”. Vamos então analisar esses casos:

 

Critérios de Diferenciação

 

1- concreto x abstrato : por um lado, este é o critério mais fácil de ser aplicado. Vejamos:

prova de concurso: prova = concreto = Adj Adn

necessidade de estudo: necessidade = abstrato = CN

Mas por outro lado, a preposição “de” admite exceções ao macete (notem que com as outras preposições não teremos problemas)

Exemplo: necessidade do leitor

necessidade = abstrato (o que nos levaria a pensar em CN)

Mas temos aqui um Adj Adn. (não preciso dizer que este é o tipo de palavra que vai cair na prova se quiserem complicar né?!)

Como saber a diferença? Vamos ao segundo critério:

 

2- agente x paciente: este critério é bem mais seguro. Deve ser usado principalmente nos casos de expressões com a preposição “de”, mas funciona em quase todos os outros. Usarei os exemplos acima para que percebam a diferença.

.necessidade de estudo –  o estudo necessita de algo? (ativo) ou

                                        o estudo é necessário? (passivo)

.necessidade do leitor –    o leitor necessita de algo? (ativo) ou

                                        o leitor é necessário? (passivo)

 

Perceberam a diferença? Fácil né?! Nem tanto...

No primeiro caso não há dúvidas, já que nunca teremos “estudo” no pólo ativo, sendo sempre CN. Todavia, com um pouco de atenção, podemos perceber que dependendo do contexto, “leitor” pode estar ora no pólo ativo, ora no passivo. Vejam só:

 

Exemplo: Ao mesmo tempo que o blog tem necessidade de leitores, estes têm necessidade de um blog com dicas sobre português.

 

Ficou clara a diferença? Na primeira frase, os leitores são necessários ( passivo = CN ), já na segunda, os leitores necessitam do blog (ativo = Adj Adn).

 

DICA DE MEMORIZAÇÃO: Adj Adn = Ativo

Em relação à regra do abstrato, é o contrário: Abstrato = CN (não Adj Adn)

Cuidado para não confundirem o macete hein?!

 

3- relacional x nocional: esse critério também pode ser adotado (com a mesma ressalva da preposição “de”) na maioria dos casos.

relacional = preposição exigida pelo nome (regência) = CN

nocional = a preposição tem valor semântico = Adj Adn

Analisemos novamente os exemplos anteriores:

.necessidade de estudo: a preposição “de” é exigida pelo nome (regência nominal) /  não acrescenta valor semântico

.necessidade do leitor: um dos sentidos possíveis (passivo) decorre da ideia de posse da preposição, não sendo exigida pelo nome.

Este é melhor critério, mas dificilmente conseguiremos descobrir se a preposição “de” está sendo exigida ou não pelo nome na hora da prova.

 

É difícil afirmar qual critério será mais eficiente na hora da prova, pois depende muito da frase. Portanto, tenhamos todos em mente e usemos todos na mesma questão, assim não erraremos.

Meu conselho é usar os critérios de forma decrescente (3 > 2 > 1), sendo que o segundo critério normalmente é suficiente para resolver a questão.

 

Casos Especiais

 

Não se preocupem, os casos especiais não são exceções, mas sim dicas para descobrirmos a função de forma mais rápida!

1- advérbio + termo preposicionado = CN

Exemplo: Fora da sala, havia dois fiscais.

2- adjetivo + termo preposicionado = CN (regra geral)

Exemplo: As anulações foram favoráveis ao candidato.

Obs.: percebam que o terceiro critério funciona em ambos os casos.

 

Conclusão: como vocês podem perceber, o assunto não é tão complicado, basta que tenhamos calma e atenção durante a prova para usarmos o critério mais adequado.

O próximo post será um simulado sobre esse assunto, assim poderei comentar tanto as questões que caíram nas provas anteriores do ICMS quanto outras que prepararei com o mesmo nível de dificuldade ok?!

Bons estudos!

 

Diego Garcia (Dimalkav)

dimalkav@yahoo.com.br

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Questões Comentadas - Pressupostos e Subentendidos FGV

Olá concurseiros!
Inicialmente, o gabarito das questões propostas no post anterior é: 1-C e 2-C.
Na primeira questão, percebe-se a existência de 3 pressupostos em virtude das palavras "infelizmente", "ainda" e "parou".
Na segunda, não se pode subentender que choveu anteriormente por conta do tempo estar nublado.
Como prometido, analisarei algumas questões sobre pressupostos e subentendidos da FGV. Nada melhor do que colocarmos em prática aquilo que acabamos de aprender certo?!
Vejamos como o assunto foi cobrado nos dois concursos para fiscal de rendas do RJ, no ano de 2008:

(FGV / ICMS-RJ / 2008-1): Com base na leitura do texto, analise os itens a seguir:

I - Em "Portanto, a necessidade de as gerações atuais preservarem recursos para as gerações futuras também se dá no que tange aos recursos públicos." o termo grifado colabora com a identificação de um pressuposto.

II - Em "Não mais se concebe uma atuação estatal efetiva sem uma apurada reflexão sobre os gastos públicos, seus limites e sua aplicação." Na identificação dos implícitos, observa-se um pressuposto.

III - Em "Enquanto o primeiro, normalmente, se adstringe a situações futuras próximas, o
segundo vincula-se a situações futuras a longo prazo." A leitura só se efetiva se o leitor identificar os subentendidos.

Assinale:
(A) se somente os itens II e III estiverem corretos.
(B) se somente os itens I e II estiverem corretos.
(C) se todos os itens estiverem corretos.
(D) se nenhum item estiver correto.
(E) se somente os itens I e III estiverem corretos.

I - Como vimos anteriormente, um pressuposto pode ser identificado a partir de uma informação implícita decorrente de uma palavra ou expressão expressa, ou seja, é necessário que exista uma palavra na frase que nos permita identificar o pressuposto.
A palavra "também" é um claro exemplo de pressuposto, já que percebemos uma ideia de adição, isto é, de que "se dá no que tange aos recursos públicos" é apenas um dos possíveis exemplos de preservação de recursos.
Só para relembrarmos, por conta desse pressuposto, o implícito é verdadeiro, mesmo que o autor do texto negue sua veracidade, já que temos a palavra "também" como prova.
Item correto!

II- Pelo que foi exposto no item I, acredito que não haja dúvidas quanto à informação pressuposta neste item. A partir do momento que o autor utiliza a expressão "não mais", nem é preciso ler o resto da frase. Temos um pressuposto temporal: algo era verdadeiro, no caso, "uma atuação estatal efetiva sem uma apurada reflexão sobre os gastos públicos, seus limites e sua aplicação" num certo momento anterior, mas que já não o é na época em que o texto foi escrito.
Item correto!

III- Temos aqui a opção mais fácil! Apesar de não estarem marcados, não é difícil perceber que a questão se refere aos termos "primeiro" e "segundo", que exercem função anafórica, ou seja, se referem a termos anteriormente expressos. Além disso, não é preciso saber esse conceito, desde que tenhamos em mente que um subentendido é uma informação totalmente escondida na frase. Não há uma palavra, como no caso do pressuposto, explicitando a ideia.
Item errado!

Gabarito: letra B

Curiosidade: na primeira vez que fiz essa questão, errei da pior maneira possível: marquei a letra D. Mas aí vocês podem dizer: "Ah Diego, mas pelo menos uma você acertou uma!". O pior foi que a única questão que eu "tinha certeza" de estar correta era a III, justamente a errada! Talvez isto tenha acontecido com vocês também, já que a banca fez uma pegadinha com a ideia de função anafórica (assunto de que será tratado nos próximos posts).

Essa questão já foi analisada em outros blogs, muitos de vocês já deviam conhecer a resolução. Procurei analisá-la de forma diferente, usando todos os conceitos do post anterior, de forma a torná-la o mais simples possível. Agora vamos analisar a questão que caiu na segunda prova:


(FGV / ICMS-RJ / 2008-2) No Brasil, o debate sobre ética tributária só recentemente ganhou vulto em decorrência do aumento da carga tributária, da expansão da “indústria de liminares”, do visível aperfeiçoamento da administração fiscal, da estabilidade econômica e da crescente inserção do país na economia globalizada. Na maioria dos países desenvolvidos, com cultura tributária mais amadurecida, esse debate é mais limitado, porque praticamente restrito a discussões sobre a pressão fiscal nociva (harmfull tax competition). Com base na análise do trecho acima, não é correto afirmar:

a) fica subentendido que o debate sobre ética tributária no Brasil anteriormente era de pouca
expressividade.
b) a noção de "países desenvolvidos" é pressuposto para a leitura do texto.
c) está implícito que o Brasil cada vez mais se insere na economia globalizada.
d) se pode inferir que, nos países ainda não desenvolvidos, a cultura tributária ainda não
amadureceu.
e) se pode inferir, também por paralelismo no parágrafo, que o Brasil não está entre os países
desenvolvidos.

Percebam que a questão, se compararmos com a anterior (que já não era tão difícil), está incrivelmente fácil. Costumo chamar esse tipo de questão de "ponto obrigatório", ainda mais em provas de português da FGV. Por outro lado, não devemos nos descuidar desse assunto, pois é muito provável que a banca tenha colocado uma questão mais simples por conta do baixo número de acertos da primeira prova. Como 90% dos candidatos deve ter acertado dessa vez, a tendência é encararmos uma questão, no mínimo, no estilo I, II, III..., que dificulta um pouco mais, na próxima prova. Mesmo assim, há algumas considerações a serem feitas.

a) acredito que quem errou a questão marcou essa aqui. Na minha opinião, não se trata de um subentendido, mas sim de um pressuposto. Entretanto, podemos perceber que o intuito da banca não foi cobrar a diferença entre os conceitos, como veremos a seguir.

b) temos sim um pressuposto a partir do adjetivo "desenvolvidos", outro tipo de palavra que em regra, apresenta ideias implícitas.

c) aqui está o erro! Muito mais claro do que na letra "a". Não temos um subentendido, pois a informação está explícita no texto. Vejam: "(...) e da crescente inserção do país na economia globalizada." Novamente, a banca tentou confundir os candidatos com um termo que faz referência a outro anterior.

d) e e) nas duas últimas alternativas, a banca usou o termo "inferir" (deduzir / concluir) em vez dos conceitos de pressuposto e subentendido, de forma que basta a leitura do parágrafo para identificarmos que as informações podem ser inferidas.

Não sei se houve recurso nessa questão, mas acredito que era possível, embora recorrer contra a FGV seja algo muitas vezes inútil. A banca quis facilitar demais e acabou complicando os candidatos que dominavam o assunto.

Atualização (25/06/09): Bom pessoal, descobri que a questão foi anulada. Pelo menos dessa vez a FGV mandou bem!

Curiosidade: a palavra "harmful" foi escrita de forma errada na prova. Ainda bem que não era prova de inglês né?!

Se algum de vocês tiver alguma questão sobre esse assunto e quiser que eu a comente aqui no blog basta enviá-la por email e postarei os comentários assim que possível ok?!

No próximo post, tratarei de mais um assunto recorrente nas provas da FGV, provavelmente complemento nominal x adjunto adnominal, outro assunto certo na prova.
Até lá!

Diego Garcia (Dimalkav)
dimalkav@yahoo.com.br



sábado, 6 de junho de 2009

Resumo sobre pressupostos e subentendidos

Alguns de vocês devem estar se perguntando, neste exato momento, “Mas que diabo de assunto é esse que nunca vi em prova?!”. Pois é, ao mesmo tempo que nós ,concurseiros, buscamos sempre utilizar materiais de alto nível a fim de encararmos as provas de igual para igual, as bancas – ou pelo menos grande parte delas – procuram adequar o conteúdo cobrado ao nível dos candidatos. Este assunto vem sendo cobrado por pelo menos uma banca examinadora, a Fundação Getúlio Vargas (FGV), responsável pela elaboração do concurso de fiscal de rendas do RJ, que será realizado nos dias 1 e 2 de agosto. Sem mais delongas, vamos ao assunto!

Ambos os institutos se destinam a tratar de ideias implícitas, seja através de termos expressos na frase, como também não-expressos. A partir daí, é necessário, inicialmente, atentar à diferença entre ideias implícitas e explícitas.

         No caso de ideias explícitas, o leitor não precisa “pensar” sobre o que está lendo. É possível absorver todo o conteúdo passado pelo escritor sem a necessidade de análise de ideias adicionais ou escondidas (famosa leitura das entrelinhas).

         São justamente essas mensagens adicionais e escondidas que vão nos interessar neste momento.

 

Pressupostos

 

Os pressupostos são identificados quando o emissor veicula uma mensagem adicional a partir de alguma palavra ou expressão. Há vários tipos de palavras com esse tipo de "poder". Eis alguns tipos:

- verbos que indiquem: mudança, continuidade, término...

Exemplos:

O concurseiro deixou de sair aos sábados para estudar mais.

(pressuposto: o concurseiro saía todos os sábados.)

O novo fiscal de rendas continua estudando para concursos.

(pressuposto: o fiscal estudava antes de passar.)

A espera dos candidatos pelo gabarito oficial acabou.

(pressuposto: os candidatos estavam esperando o resultado.)

 

- advérbios com sentido próprio

Exemplos:

Felizmente, não preciso mais estudar.

(pressuposto: o emissor considera a informação boa)

Após uma hora de prova, metade das pessoas havia saído.

(pressuposto: algo aconteceu antes do tempo.)

 

- “que” em orações sub. adjetivas

Exemplos:

Pessoas que fazem cursinhos passam mais rápido. (adjetiva restritiva)

(pressuposto: há pessoas que não fazem cursinho)

 

Os nerds, que ficam em casa o tempo todo, conseguem melhores notas. (adjetiva explicativa)

(pressuposto: todos os nerds ficam em casa o tempo todo)

 

Bom, não pretendo esgotar o assunto aqui, até porque acredito que não exista uma lista exaustiva de elementos que funcionem como pressupostos. Procurei mostrar aqueles mais comumente cobrados.

Rodolfo Ilari, no livro Introdução à Semântica: Brincando com a Gramática, apresenta a seguinte dica:

“Sempre que um certo conteúdo está presente tanto na sentença

como em sua negação, dizemos que a sentença pressupõe esse conteúdo.”

Basta utilizarmos a dica do autor nos exemplos acima para percebermos a sua aplicabilidade.

 

Subentendidos

 

         Enquanto os pressupostos seriam as mensagens adicionais, os subentendidos seriam os escondidos. Devem ser deduzidos pelo receptor, e justamente por essa ideia de dedução, podem não ser verdadeiros. Percebe-se aqui outra diferença entre os institutos, já que os pressupostos são sempre verdadeiros, inclusive quando negamos a frase original. Por conta de sua maior abstração, passemos aos exemplos para uma melhor compreensão:

 

situação em que recebemos uma visita:

- Nossa! Está muito calor lá fora!

(possível subentendido: a pessoa está com sede)

Percebam que ao negarmos a frase, a ideia subentendida desaparece. Ao mesmo tempo que é impossível provar que a pessoa esteja realmente com sede. É possível que o emissor negue a dedução do receptor. Vejamos outro exemplo:

 

situação em uma rua qualquer:

- A bolsa da senhora está pesada? (pergunta um jovem rapaz)

(possível subentendido: o rapaz está se oferecendo para carregar a bolsa)

 

         Novamente, esta é apenas uma possibilidade. O rapaz poderia estar interessado na resistência da bolsa ou então preocupado com a coluna da senhora, mas não necessariamente se oferecendo para carregar a bolsa.

 

Cuidado: talvez algum leitor mais atento tenha percebido que a dica do Rodolfo Ilari não se aplica em todos os casos. Neste por exemplo, quando a negação da pergunta não implica em alteração do implícito, o que deveria ocorrer, já que estamos tratando de um caso de subentendido. Isto também ocorre no exemplo de pressuposto com o advérbio “já”, pois é difícil conseguir negar a frase e mantermos o pressuposto sem “forçarmos a barra”.

 

Conclusão: o assunto requer bastante atenção do leitor, até mesmo porque estamos tão acostumados a deduzir implícitos diariamente que encontramos dificuldade em analisar a sensível barreira que separa os institutos. Espero ter contribuído para o aprendizado de vocês! No próximo post analisarei algumas questões de provas da FGV que versaram sobre o assunto. Aguardem!

 

Questões propostas: Considerando os pressupostos e subentendidos, marque a alternativa correta:

 

1) Em “Infelizmente, meu pai ainda não parou de fumar.”:

a) há 2 informações pressupostas e 1 subentendida.

b) há 2 informações subentendidas e 1 pressuposta.

c) há 3 informações pressupostas.

d) há 3 informações subentendidas.

e) não há informação implícita.

2)Ao se preparar para sair de casa, a fim de encontrar sua(seu) namorada(o) na praia, ela(e) liga e o(a) alerta de que o tempo está nublado, não é possível subentender a seguinte informação:

a) é indicado levar um guarda-chuva.

b) ela(e) está preocupada(o) com você.

c) choveu há algumas horas.

d) o passeio devia ser cancelado.

e) ela(e) quer ir a outro lugar.

 

 

Um abraço e bons estudos!

Diego Garcia (Dimalkav)

dimalkav@yahoo.com.br