sábado, 26 de setembro de 2009

Simulado 2 FGV – Questões Comentadas

Fala aew galera!
Vamos aos comentários das questões do último simulado.

Comentário Geral: bem pessoal, todos que se prepararam para o último ICMS-RJ tiveram uma surpresa ao começarem a fazer a prova, já que houve muitas mudanças em relação ao estilo tradicional da FGV. Não tivemos questões tidas como obrigatórias em qualquer prova da referida banca. Esta mudança se deu em virtude da alteração da banca de Língua Portuguesa.
Dessa forma, tentei, neste simulado, colocar questões do novo estilo, mas sem deixar assuntos tradicionais de fora, já que não temos garantia alguma de que os examinadores sejam mantidos.
Considero o nível deste simulado médio, porém com muitas pegadinhas! Acho que todas as questões tinham no mínimo uma casca de banana. É o que veremos a seguir:

Questão 01 – Marque a opção incorreta, em relação à estruturação e ao desenvolvimento do texto:

a) A alteração do título, transformando-o em uma afirmação, ou seja, retirando-se o ponto de interrogação, mudaria o foco temporal da análise feita pelo autor.
b) O pensamento de Monteiro Lobato é usado na introdução do texto como argumento a ser combatido, no restante do texto, assim como ocorreu na época da ditadura.
c) Tanto o título quanto o desenvolvimento do texto apontam para uma dificuldade na discussão do tema proposto, embora tenha havido certo avanço em relação ao passado, quando não havia nem mesmo a possibilidade de debater o assunto.
d) Apesar de ser um texto da Secretaria da Fazenda do Estado do RJ, o texto não se restringe a abordar o tema de forma local, fazendo referências, inclusive, a outros países que têm dificuldades similares.
e) A conclusão do texto mostra que as autoridades do Estado do RJ consideram injusta a nova regra relativa ao pré-sal.

Comentário: Esta questão, em situação de prova, deveria ser deixada de lado num primeiro momento, pois é necessária a leitura de todo o texto (algo que levaria preciosos minutos da P1). Por outro lado, é uma questão extremamente fácil, principalmente para quem tem certa dificuldade em gramática. Dependendo do seu caso, esta questão seria importantíssima!
O item incorreto se encontra na opção B, pois o pensamento de Monteiro Lobato é defendido pelo autor. A relação com a ditadura está correta. Naquela época, este tipo de pensamento não era tolerado pelo governo ditador.


Questão 02 – Especificamente em relação às comparações feitas entre o Brasil e os países estrangeiros, marque a opção correta:

a) A situação brasileira é comparada a de de países como Noruega, Rússia, Angola, Japão, de forma a dar exemplos de ações que devam ser tomadas pelo Governo.
b) A autoconfiança do governo russo, juntamente com o sucesso nas transações com a Sibéria, mostram a vantagem do modelo de partilha.
c) O modelo adotado na Noruega, tendo semelhanças e diferenças, deve ser tido como exemplo mais por estas do que aquelas.
d) O autor se posiciona a favor da ANP adotar o mesmo sistema utilizado pelos governos americanos e sauditas, a fim de reforçar o pacto federativo.
e) Apenas com a implantação das novas regras será possível fazer contratos com países asiáticos e africanos.

Comentário: Acredito que esta questão tenha sido mais simples do que a primeira, por focar em uma parte específica do texto. A mera leitura do texto já eliminaria a opção A, por exemplo. Uma forma de confundí-los foi utilizar elementos anafóricos, pois na pressa de resolver a questão, é comum fazermos relações erradas.
Segue o parágrafo que confirma a resposta da questão:
“É importante esclarecer certas coisas: na Noruega, o petróleo novo é administrado por uma agência igualzinha à ANP. A muito falada companhia Petoro foi criada para administrar campos originalmente da Statoil, logo antes desta ser privatizada, em 2001. Ela resulta desse desmembramento da estatal, anterior à privatização. Ou seja, o movimento lá foi o contrário do que se propõe aqui, que é pegar as reservas da União e dar uma parte para uma companhia aberta cuja maioria do capital é negociado na bolsa (a Petrobras).”
A redação da opção C não ficou boa, mas o fiz de propósito, já que isto, algumas vezes, é a regra, quando deveria ser a exceção. Creio que muitos não marcariam esta a esta alternativa na hora da prova por terem tido dificuldade em entendê-la.


Questão 03 – “Basta um decreto do presidente para ajustar as participações especiais para 70%, ou qualquer outro valor.” (linha 53)
Indique a opção em que a palavra ou expressão não tem a mesma função do sintagma sublinhado.

a) “Como o dinheiro é fungível, os bilhões de reais formalmente de direito da ANP, ao serem economizados, permitem à União financiar aposentadorias no Maranhão, Amapá ou Mato Grosso”
b) “Reforçar a ANP - que, pela lei atual, tem como saber tudo que a empresa exploradora faz, parece bem mais seguro.”
c) “Quando se conjuga a partilha com a "unitização" já prevista, cria-se enorme insegurança jurídica em relação aos campos já licitados.”
d) “É importante esclarecer certas coisas: na Noruega, o petróleo novo é administrado por uma agência igualzinha à ANP.”
e) “Até agora, não existe explicação oficial de por que a "partilha" seria melhor do que o marco atual das "participações especiais".”

Comentário: Primeiramente, devemos classificar o sintagma sublinhado no enunciado. Esqueci de sublinhar “do presidente”. Dessa forma, o sujeito do verbo “bastar” ficou incompleto. Seria mais fácil se eu apenas pegasse os núcleos...
Devemos, então, procurar a opção que não nos apresenta um sujeito. Na opção B, temos um objeto direto. Esta é a resposta!
Percebam que era mais difícil classificar a expressão do enunciado. Uma pessoa desatenta poderia pensar que “um decreto do presidente” seria objeto direto por estar localizado após o verbo.
Na opção A, a conjunção “como” poderia ser confundida com o verbo “comer” numa leitura apressada, sem atenção ao contexto.
Na opção C, temos voz passiva. Caso contrário, “a partilha” seria objeto direto do verbo conjugar. Este tipo de construção já foi abordado no tópico de dicas para o ICMS-SP. Pretendo, em breve, escrever algo mais completo sobre a partícula “se” ok?!
Na opção D, “esclarecer certas coisas” é oração subordinada substantiva subjetiva.
Na opção E, tudo que foi sublinhado é sujeito do verbo “existir”.


Questão 04 – “Até agora, não existe explicação oficial de por que a "partilha" seria melhor do que o marco atual das "participações especiais".” (Linhas 15-16)
A opção em que a palavra sublinhada completa a frase corretamente é:

a) Estudarei durante a semana da prova _________ minha memória é muito fraca.
b) A banca não justificou o __________ das anulações.
c) Não fará a prova ___________?
d) Estes são os livros ___________ estudei para o último concurso.
e) ___________ achava que não passaria, nem foi fazer a prova.

Comentário: coloquei esta questão por um motivo especial. Muita gente anda achando que não pode cair ortografia por causa do novo acordo ortográfico. Cabe ressaltar que não foram todos os assuntos de ortografia que sofreram alterações. Este é um que as bancas gostam de cobrar, pois poucas pessoas sabem todas as regras dos “porquês”.

a) Estudarei durante a semana da prova porque minha memória é muito fraca.
Sem problemas aqui, creio eu. Este é o “porquê” que mais usamos: conjunção subordinativa causal. Deve ser grafado junto com acento, com exceção de frase interrompida, quando utilizamos acento.

b) A banca não justificou o porquê das anulações.
O porquê = o motivo. Basta substituir! Sempre que for substantivo, deve ser escrito junto e com acento.

c) Não fará a prova por quê?
Primeiramente, pergunta = separado.
Início ou meio da frase = sem acento
Final da frase = com acento

d) Estes são os livros por que estudei para o último concurso.
Este é um caso incomum tanto no português informal quanto no formal. Sempre preferimos usar “pelos quais” né?!
Então é só lembrar: sempre que o “que” for pronome relativo, devemos separá-lo da preposição “por”.

e) Porque achava que não passaria, nem foi fazer a prova.
Mesmo caso da opção A. Eu apenas inverti a ordem natural da oração.


Questão 05 – “A muito falada companhia Petoro foi criada para administrar campos originalmente da Statoil, logo antes desta ser privatizada, em 2001. Ela resulta desse desmembramento da estatal, anterior à privatização.”
A opção em que o sinal indicativo de crase foi usado de maneira correta é:

a) Reluto à vida inteira em comprar livros pela Internet com medo de não recebê-los.
b) Minha tia comprou um belo presente à Pedro.
c) À medida que usei no meu foi diferente da que usei no seu.
d) O candidato se referia à questões passadas.
e) Às vezes, acabamos errando questões fáceis por puro nervosismo.

Comentário: como foram poucos os casos de crase no texto, tive que criar as alternativas...
As alternativas A e B foram propositalmente escritas de maneira errada. Quem reluta, reluta em fazer algo. Quem compra algo, compra para alguém (no sentido da frase).
A alternativa C era uma pegadinha! A locução “à medida que” leva crase, mas este não é o caso. “A medida” é sujeito do verbo “foi”. Não há preposição, portanto.
Na alternativa D, apesar do verbo “referir-se” pedir preposição, não temos artigo, pois a substantivo “questões” está no plural.
A alternativa E é a resposta. “Às vezes” é uma expressão feminina. É interessante observar que sem crase, teríamos um sintagma nominal (um sujeito, no caso). Obviamente, a frase não teria sentido, mas é bom ficarem atentos, pois principalmente quando não há ambiguidade, a tendência é esquecermos a crase.

Questão 06 – Marque a opção em que a palavra “que” sublinhada exerça função diversa daquela exercida nas demais alternativas:

a) Por que o governo entrar no ramo de vender petróleo é melhor do que ele ficar no ramo de recolher tributos? (Linhas 16-17)
b) Então, vale a pena ventilar questões que não têm cunho bairrista e interessam a todos. (Linha 10)
c) Elas têm a ver com entender se há razão para rejeitar o atual marco regulatório- sob o qual a Petrobras teve extraordinário sucesso, inclusive fortalecendo sua posição em relação às companhias estrangeiras que preferiram, em sua maioria, formar consórcios com ela, mesmo sem serem obrigadas. (Linhas 11-14)
d) Dos BRICs, a Rússia é o que está em pior situação, apesar da enorme autoconfiança do governo há dois ou três anos. (Linhas 23-25)
e) O dinheiro que vai para a União fica em um "fundo soberano", formando o superávit primário e depois financeiro do governo federal. (Linhas 62-64)

Comentário: a função da palavra “que” é a de pronome relativo nas opções B, C, D e E. Apenas na opção A, resposta da questão, temos uma conjunção.
Apenas como comentário adicional, recomendo o estudo das diferentes funções desta palavra, principalmente nas orações adjetivas, tema muito cobrado atualmente. Neste caso específico, apesar de não haver mudança na função sintática, a simples inserção de uma vírgula altera todo o sentido da oração.
Todas as orações da questão são restritivas, já que não estão isoladas por vírgulas.


Questão 07 – “Haverá quem diga que há países em que a partilha funciona e que as companhias estrangeiras virão, qualquer que seja o marco regulatório. Pode ser, mas não é claro que o modelo da Rússia tenha sido tão vantajoso para o povo russo, apesar das majors terem aceito a barganha com os grandes campos da Sibéria.”
Este trecho, retirado do texto, apresenta um erro gramatical. Indique a opção em que o trecho foi reescrito da maneira correta.

Comentário: farei as devidas correções diretamente nas alternativas.

a) Há (a mudança de tempo verbal traria alteração de sentido) quem diga que há países em que a partilha funciona e que as companhias estrangeiras virão, qualquer que seja o marco regulatório. Pode ser, porém não é claro que o modelo da Rússia tenha sido tão vantajoso para o povo russo, apesar das (de as) majors terem aceito a barganha com os grandes campos da Sibéria.


b) Haverá quem diga que existem países em que a partilha funciona e que, (esta vírgula faz uma interrupção indevida no texto) as companhias estrangeiras verão, qualquer que seja o marco regulatório. Pode ser, mas não é claro que o modelo da Rússia tenha sido tão vantajoso para o povo russo, apesar das (de as) majors terem aceito a barganha com os grandes campos da Sibéria.
c) Haverão (o verbo haver não vai para o plural neste caso) quem diga que há países em que a partilha funciona e que as companhias estrangeiras virão, qualquer que seja o marco regulatório. Pode ser, mas não é claro que o modelo da Rússia tenha sido tão vantajoso para o povo russo, apesar de as majors terem aceito a barganha com os grandes campos da Sibéria.
d) Haverá quem digam ( o verbo deve concordar com “quem”) que há países nos quais a partilha funciona e que as companhias estrangeiras virão, qualquer que seja o marco regulatório. Pode ser, mas não é claro que, (esta vírgula faz uma interrupção indevida no texto) o modelo da Rússia tenha sido tão vantajoso para o povo russo, apesar das (de as) majors terem aceito a barganha com os grandes campos da Sibéria.
e) Haverá quem diga que existem países nos quais a partilha funciona e que as companhias estrangeiras virão, qualquer que seja o marco regulatório. Pode ser, porém não é claro que o modelo da Rússia tenha sido tão vantajoso para o povo russo, apesar de as majors terem aceito a barganha com os grandes campos da Sibéria.

Comentário complementar: o erro identificado no texto original diz respeito ao uso indevido da contração da preposição “de” + o artigo definido “as”. É proibido utilizar este processo quando o artigo se refere ao sujeito da frase.
Em vez de cobrar a regra de forma direta, apenas fiz com que perdessem tempo lendo as longas alternativas.
As questões de pontuação da FGV costumam seguir este padrão. Portanto, atenção e paciência! Normalmente é um ponto fácil de ser obtido.


Questão 08 – Indique a opção em que o termo sublinhado não exerce função de adjunto adnominal ou complemento nominal:
a) Ambos são formas do governo capturar parte do excedente do petróleo, depois de deduzidos os custos de produção.
b) O governo já teve experiências como vendedor de commodities - a mais notável sendo o Instituto Brasileiro do Café (IBC), criado para proteger os produtores de café.
c) Além disso, o Estado do Rio de Janeiro vê com preocupação propostas que acirrem ânimos dentro da Federação - até porque ele sempre foi pela concórdia e paz, e tende a dar mais do que recebe da União ou dos seus irmãos da Federação.
d) Mas, no caso da partilha é como se o governo pegasse uma percentagem dos sacos de soja do plantador de Goiás e fosse vender por conta própria (como o IBC fazia, especulando com o café nos mercados europeus).
e) Basta um decreto do presidente para ajustar as participações especiais para 70%, ou qualquer outro valor.

Comentário: como temos um artigo inteiro sobre a diferença entre complemento nominal e adjunto adnominal e este não é o objetivo da questão, vou limitar os comentários às alternativas C e D.
Nunca vi este tipo de questão em prova, mas não custa ficarmos atentos a este caso especial, que não é complemento nominal, muito menos adjunto adnominal.
Para quem não conhece a regra, é impossível acertar a questão, pois vão justamente eliminar as letras C e D de cara, pois aparentemente apresentam o mesmo tipo de expressão.
A regra é a seguinte: quando o termo preposicionado for o nome oficial daquele a que se refere, teremos um tipo especial de aposto. É o que acontece na opção C, resposta da questão.
Já na opção D, percebemos que “Goiás” não é o nome oficial do plantador certo?! Temos assim um adjunto adnominal.
Interessante foi encontrar ambos os exemplos no próprio texto. Muito cuidado com esta regra ok?!

Questão 09 – “Nesse cenário, o governo pode exigir que um campo já licitado, vizinho a uma área virgem do pré-sal, seja tratado pela nova regra. E, assim, forçar o atual concessionário a aceitar a nova regra sobre o conjunto "unitizado", ou devolver a concessão. Esse risco não estimula o investimento dos concessionários.” (Linhas 57-60)
As palavras sublinhadas têm função, respectivamente:

a) anafórica e dêitica
b) dêitica e dêitica
c) catafórica e anafórica
d) anafórica e anafórica
e) dêitica e catafórica

Comentário: ambas as palavras se referem a ideias apresentadas anteriormente pelo autor, de forma que exercem função anafórica.
Lembrando que já escrevi um texto sobre essas funções aqui no blog. Quem tiver dúvida é só dar uma conferida no artigo.


Espero que as questões sejam úteis na preparação de vocês!
Se tiverem alguma dúvida, postem na área de comentários e tentarei saná-las ok?!
Um abraço!


Diego Garcia (Dimalkav)
dimalkav@yahoo.com.br








Um comentário:

  1. Oi, Diego! Muito boa a resolução comentada!
    Eu errei as questões 1 e 3. Na 3 foi muita bobeira mesmo, acho que eu identifiquei o sublinhado como oração substantiva subjetiva e marquei a D por também ser. =/
    Mais atenção na próxima. Por isso exercitar é tão importante, não é mesmo?
    Beijos!

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