quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Simulado 3 FGV

Olá pessoal!
Preparei mais um simulado de Língua Portuguesa para o quarto e último concurso da série do ICMS-RJ, que será realizado nos dias 18 e 21 de abril.
Vocês podem encontrar questões das outras matérias no Fórum Concurseiros, na sala referente ao concurso.
Em breve colocarei os comentários.
Um abraço!


Ranking aponta três brasileiras entre as 250 maiores varejistas do mundo

Três empresas brasileiras aparecem no ranking das 250 maiores varejistas do mundo, divulgado nesta segunda-feira (25) na edição de janeiro da revista Stores, ligada à associação dos varejistas dos Estados Unidos, a National Retail Federation.
A lista das maiores redes varejistas em faturamento mostra o Grupo Pão de Açúcar, em 92º lugar, Casas Bahia, na 131ª posição, e Lojas Americanas, esta pela primeira vez no ranking, em 200º lugar.
A 13ª edição da pesquisa Global Powers of Retailing (GPR), realizada pela Deloitte, considera as informações públicas divulgadas pelas empresas ao redor do globo. 
              A atual edição tem como base o ano fiscal 2008, incluindo exercícios fiscais encerrados em junho de 2009. 
             O relatório relembra os impactos da crise financeira sobre a economia americana e a redução dos gastos por parte dos consumidores, que adotaram um padrão mais cauteloso, priorizando alimentos e itens de primeira necessidade a eletrônicos e objetos de decoração.
            As margens também encolheram, já que o índice de lucratividade (receita sobre vendas) caiu para uma média de 2,4% em 2008 contra 3,7% em 2007.
             Ainda assim, as vendas combinadas das 250 empresas do ranking alcançaram US$ 3,8 trilhões, um aumento de 5,5% ante a edição anterior da pesquisa (base 2007). Do total, US$ 1,2 trilhão está nas mãos dos dez maiores, que concentram 30,2% do faturamento total, ante índice de 29,6% na versão anterior.
             Wal-Mart continua à frente, seguido por Carrefour, desde o ano 2000. A rede alemã Metro pulou para a terceira colocação, à frente da britânica Tesco, ajudada pelo câmbio na conversão das moedas para o dólar. Schwarz Group, de origem alemã, subiu para a quinta posição, no lugar que era da americana Home Depot, que por sua vez ficou em sétimo. As outras empresas entre as dez mais são The Kroger (6º, EUA), Costco (8º, EUA), Aldi (9º, Alemanha) e Target (10º, EUA).

Fonte:http://g1.globo.com/Noticias/Economia_Negocios/0,,MUL1462338-9356,00-RANKING+APONTA+TRES+BRASILEIRAS+ENTRE+AS+MAIORES+VAREJISTAS+DO+MUNDO.html

1- Com relação à estruturação do texto e dos parágrafos, analise as afirmativas a seguir:

I- O título do texto é uma paráfrase do 1º parágrafo, visto que há uma eliminação de informações desnecessárias, mas não se perde a essência da mensagem.
II- O 5º parágrafo trata do efeito negativo causado pela crise da economia americana, que resultou em um prejuízo para as empresas do ranking.
III- O último parágrafo é o único que não trata, direta ou indiretamente, das empresas brasileiras, descrevendo a lista dos dez países melhores no ranking.

a) I e II estão incorretas;
b) II e III estão corretas;
c) I e III estão incorretas;
d) apenas II está correta;
e) apenas III está incorreta

2- Marque a opção correta, com base no último parágrafo do texto:

a) a partir do verbo “continuar”, subentende-se que o Wal-Mart já estava na liderança do ranking passado.
b) o verbo “ajudada”, referente à empresa Tesco, introduz uma oração subordinada adjetiva reduzida de particípio.
c) o verbo “subir” caracteriza um pressuposto, indicando que a empresa alemã estava numa posição inferior no ranking anterior.
d) a conjunção integrante que introduz uma oração subordinada adjetiva explicativa, referindo-se à empresa americana Home Depot.
e) o parágrafo caracteriza-se pela descrição do ranking de forma crescente, com um detalhamento maior para as cinco empresas melhores colocadas.

3- Os pronomes “nesta” e “esta”, sublinhados no texto, têm função, respectivamente:

a) catafórica e dêitica
b) dêitica e anafórica
c) anafórica e dêitica
d) catafórica e anafórica
e) dêitica e dêitica

4- No quinto parágrafo, caso haja uma substituição do verbo “priorizando” por “preferindo”, a redação, com as devidas alterações, se necessário, seria a seguinte:

a) preferindo alimentos e itens de primeira necessidade a eletrônicos e objetos de decoração.
b) preferindo alimentos e itens de primeira necessidade que eletrônicos e objetos de decoração.
c) preferindo alimentos e itens de primeira necessidade do que eletrônicos e objetos de decoração.
d) preferindo alimentos e itens de primeira necessidade à eletrônicos e objetos de decoração.
e) preferindo alimentos e itens de primeira necessidade do quê eletrônicos e objetos de decoração.

5- Marque a opção que contém as funções sintáticas dos termos sublinhados no seguinte trecho:
(...)Ainda assim, as vendas combinadas das 250 empresas do ranking alcançaram US$ 3,8 trilhões(...)
(...)ajudada pelo câmbio na conversão das moedas para o dólar(...)

a) adjunto adnominal / adjunto adnominal
b) adjunto adnominal / complemento nominal
c) complemento nominal / adjunto adnominal
d) complemento nominal / complemento nominal
e) nenhuma das opções anteriores.

6- Quanto aos processos de formação de palavras, analise as afirmativas a seguir:

I- a palavra “anteriormente” é formada por derivação sufixal, a partir do acréscimo do sufixo adverbial –mente à palavra “anterior”. Este é o único caso de sufixos adverbiais.
II- a sequência de letras GPR, referente a Global Powers of Retailing, caracteriza o processo de formação de palavras conhecido como abreviação.
III- o substantivo “venda” é classificado como primitivo, pois dele derivam palavras como “vender”, “vendedor” etc., estas classificadas como derivadas.

a) I e II estão incorretas
b) I e III estão corretas
c) I e II estão corretas
d) II e III estão corretas
e) II e III estão incorretas

7- Dentre as opções abaixo, indique aquela que apresenta erro de concordância, de acordo com o texto.

a) De acordo com o texto, não há empresas brasileiras entre as cem primeiras do ranking, com exceção do Grupo Pão de Açúcar.
b) Já na décima terceira edição, os rankings da Global Powers of Retailing parece serem confiáveis.
c) Mais de uma empresa brasileira figuram no ranking das 250 melhores, de acordo com o ranking da GPR.
d) A empresa americana The Kroger foi uma das que ficaram entre as dez primeiras.
e) Nem a empresa Tesco, nem a Aldi conseguiu superar a Wal-Mart.

8- Marque a opção incorreta quanto ao emprego de tempos e modos verbais.

a) Se a empresa Home Depot mantivesse a colocação do último ranking, teria ficado em quinto lugar.
b) Grupo Pão de Açúcar e Casas Bahia já haviam figurado anteriormente no ranking.
c) Wal-Mart há de se manter no topo do ranking se manter o mesmo desempenho dos últimos anos.
d) Um bom planejamento organizacional pode possibilitar que as empresas brasileiras compitam por uma melhor posição no próximo ranking.
e) Seria justo se as dez melhores empresas do ranking requeressem um maior reconhecimento em seus respectivos países.

9- Quanto ao acento indicativo de crase, analise as seguintes afirmativas:

I- Apesar de haver apenas três acentos graves no texto, há ainda uma ocorrência facultativa, mas não acentuada.
II- A crase em “à associação” se justifica, exclusivamente, pelo gênero feminino do substantivo.
III- A crase em “à frente” se justifica, unicamente, pela constituição de uma locução adverbial feminina.

a) apenas I está correta.
b) apenas II está correta.
c) apenas III está correta.
d) nenhuma está correta.
e) todas estão corretas.

Diego Garcia (Dimalkav)
dimalkav@yahoo.com.br

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Formação de Palavras

Olá pessoal!
Após termos estudado a estrutura, podemos nos aprofundar um pouco no assunto, partindo agora para os processos de formação de palavras.

Formação de Palavras

1-palavras primitivas x palavras derivadas: embora não sejam processos de formação, são classificações de extrema importância para o correto entendimento da matéria. Não há muita dificuldade aqui, já que os conceitos são intuitivos. As palavras derivadas são formadas a partir das primitivas.
Exemplos:
- fogo (primitiva) / fogueira (derivada)
- feliz (primitiva) / infeliz (derivada)
- contar (primitiva) / recontar (derivada)
Uma dúvida interessante seria a seguinte: o adjetivo “má” é derivada de “mau”? A resposta é não, pois temos nesse caso uma flexão. Para haver derivação, é necessária a adição de um afixo.

2- composição x derivação: sem dúvida, são os processos mais comuns de formação de palavras. Dessa forma, as questões de concursos costumam cobrá-las com mais frequência.
A diferença básica entre eles é o número de radicais. Na composição, há mais de um, enquanto na derivação existe apenas um. Em termos de concurso, não é necessário buscarmos mais diferenças. Vamos então aos tipos de composição e derivação:

2.1 – composição por justaposição: ocorre quando não há perda de fonemas na fusão de radicais.
Exemplos: sexta-feira, guarda-roupa, agricultura, passatempo.

2.2 – composição por aglutinação: ocorre quando um dos radicais sofre perda de fonema(s).
Exemplos: aguardente (água + ardente), planalto (plano + alto)

Percebam que não é difícil diferenciar os dois tipos de composição. Talvez por esse motivo, o assunto figure menos nas questões. A derivação, com um número maior de tipos de formação, é bem mais exigida.
Como a minha intenção não é apenas passar o conteúdo, mas também fazê-los “pensar a gramática”, vou tratar de alguns probleminhas conceituais. É interessante notar que isso vai ocorrer em quase todos os tipos de derivação. Daí a dificuldade do assunto.

2.3 – derivação prefixal: basicamente, é a inserção de um prefixo a um radical, formando uma nova palavra.
Como eu havia antecipado, temos aqui um pequeno problema: existem dois tipos de prefixos, aqueles que não funcionam como palavras independentes e aqueles que funcionam. Alguns exemplos facilitarão o entendimento:
desfazer x contradizer
Ambos os processos são considerados pala gramática como derivação prefixal. Entretanto, no caso de “contradizer”, mais parece que ocorre composição, já que o prefixo “contra” tem existência independente do radical, isto é, nem deveria ser chamado de prefixo.
No caso de “desfazer”, percebe-se claramente a derivação.
Para efeito de concursos, deve-se seguir os ensinamentos tradicionais, ou seja, os prefixos gregos e latinos, mesmo quando de existência independente, formam a derivação prefixal.
Segue abaixo uma lista bem completa de prefixos, com significados, origens e exemplos:

2.4 – derivação sufixal: conhecendo a derivação prefixal, fica fácil deduzir o que seria a sufixal certo?! Vou apenas repetir o conceito mutatis mutandis (sempre quis usar esta expressão!). A derivação sufixal é a inserção de um sufixo a um radical, formando uma nova palavra.
Existem três tipos de sufixos:
- nominais: mulherão, questãozinha, maníaco, concurseiro.
- verbais: velejar, gabaritar, chuviscar.
- adverbial: o único sufixo adverbial é o –mente. Precisa de exemplo?!
Obs.: não encontrei uma lista de sufixos na Internet. Assim que eu consegui-la, postarei aqui.

2.5 – derivação prefixal e sufixal: acontece esse tipo de derivação quando, ao mesmo tempo, inserem-se um prefixo e um sufixo a um radical. A expressão “ao mesmo tempo” é muito importante, pois sua inocorrência faz com que haja dois processos, um após o outro. Além disso, é possível retirar um dos afixos e ainda existir uma palavra.
O exemplo clássico deste processo é a palavra “infelizmente”. Podemos retirar o prefixo (felizmente) ou o sufixo (infeliz) e, ainda assim, haverá a ocorrência de uma palavra.
Alguns gramáticos não concordam com esse tipo de formação de palavras, argumentando que primeiramente ocorre derivação prefixal ou sufixal, para depois haver o outro.
Celso Cunha nem mesmo cita a derivação prefixal e sufixal em sua Nova Gramática do Português Contemporâneo. Já o professor Marcelo Rosenthal, em sua Gramática para Concursos, coloca a expressão “derivação sucessiva” como sinônima de derivação prefixal e sufixal. No meu entendimento, se houver derivação sucessiva, realmente uma ocorrerá antes da outra, não havendo necessidade desta classificação.
O problema é justamente saber qual acontece primeiro!

2.6 – derivação parassintética: esta é praticamente igual à derivação prefixal e sufixal. Entretanto, na parassintética, caso um dos afixos seja retirado, o radical e afixo restantes não formam uma palavra.
Novamente, temos dois exemplos clássicos.
O primeiro é o caso de adjetivos terminados em –ado. Porém, não é tão simples assim, pois temos um novo problema: como saber se a palavra é adjetivo ou particípio? A pergunta é pertinente, mas antes da explicação, vejamos dois exemplos:
- desalmado (apenas adjetivo, pois não existe o verbo desalmar)
- desdentado (admite duas interpretações – adjetivo ou particípio)
No adjetivo “desalmado” podemos facilmente identificar a impossibilidade das palavras “desalma” e “almado”. Todavia, “desdentado” é um caso mais complexo, onde é possível admitir a existência do verbo “desdentar”. Nesse caso, teríamos: desdentar > desdentado. Não haveria derivação parassintética.
O mesmo fenômeno ocorreria com “desempregado” e “desabrigado”, porém, temos a ocorrência de “empregado” e “abrigado”, facilitando a análise, ou seja, temos empregar > empregado > desempregado e abrigar > abrigado > desabrigado.
O segundo é o caso de verbos no infinitivo, é aceita a classificação como derivação parassintética, principalmente quando o verbo é formado a partir de um substantivo. Exemplos: entardecer, enfileirar, enterrar.
Neste último caso, a aceitação é pacífica entre os gramáticos. Talvez por isso, é muito cobrada em prova.

2.7 – derivação regressiva: ocorre quando temos a formação de um nome a partir de um verbo. O termo “regressiva” se refere ao fato de a palavra derivada ser menor que a primitiva. Temos, nesse tipo de derivação, a formação dos chamados substantivos deverbais, que equivalem à inserção de uma vogal (o, a ou e) ao radical de um verbo.
Exemplos: chutar > chute  / gritar > grito  /   lutar > luta
Perceberam algo em comum nos exemplos acima?
“Sim, Diego, todos os verbos exprimem uma ideia de ação!”
Exatamente!
Este é o critério adotado majoritariamente para a determinação de um deverbal. A distinção é necessária, pois precisamos saber quando o nome deriva do verbo e vice-versa. Caso o nome não denote ação, teremos, geralmente, derivação sufixal.
Mesmo essa regra possui falhas morfológicas e semânticas. Entretanto, as gramáticas tradicionais tratam o tema desta forma, sendo suficiente para concursos a aplicação da regra.

2.8 – derivação imprópria: ocorre quando uma palavra é usada com classe gramatical diferente da original, sendo, por isso, conhecida como conversão.
Tipos mais comuns de derivação imprópria:
- de substantivo para adjetivo: “Ele é um homem borracha.”
- de adjetivo para substantivo: “Os fortes nunca desistem.”
- de verbo para substantivo: “O cantar era sua única distração.”
- de adjetivo para advérbio: “O menino corria rápido.”
Percebe-se que o processo é típico da linguagem coloquial, sendo, na verdade, um recurso utilizado pelos falantes para a utilização de palavras já existentes de forma diferenciada.

3 – demais processos: temos ainda alguns processos de formação de palavras mais específicos, e portanto, menos comuns em provas.

3.1- hibridismo: ocorre quando uma palavra é formada por radicais de línguas diferentes. Na maioria das vezes decorre da junção entre radicais gregos e latinos, mas línguas como o francês também contribuem para a formação de palavras híbridas.
Considero este processo um dos mais complicados de serem identificados, pois é necessário ter um conhecimento de etimologia (estudo da origem das palavras).
Exemplos: bicicleta, sociologia, neolatino, burocracia.

3.2- abreviação e sigla: coloco dois processos diferentes no mesmo subtópico, pois a diferença entre eles é mínima. Ambos são formas sinônimas de uma palavra maior. A diferença é que na abreviação, retiramos parte de uma palavra; já na sigla, várias palavras são representadas pelas suas iniciais. Exemplos:
- abreviação: moto / pneu / foto / quilo.
- sigla: CESPE, ESAF, FGV.

Obs.: derivação regressiva x abreviação
Uma maneira prática de diferenciar os processos é verificar se as palavras são sinônimas. Se forem, estaremos tratando de abreviação; caso contrário, de derivação regressiva.

3.3- recomposição: finalmente, chegamos ao último processo!
Os dois processos estudados acima serão úteis para a compreensão deste, que é o mais complexo dos processos de formação de palavras.
Basicamente, ocorre o seguinte:
1- um radical grego ou latino é usado no seu sentido original para formar palavras do português;
Exemplo: automóvel (sentido original: próprio)
2- umas dessas palavras sofre redução (abreviação);
Exemplo: auto (abreviação de “automóvel”)
3- a abreviação acaba sendo usada como prefixo, mas dessa vez, com o significado moderno.
Exemplo: autoestrada (estrada para automóveis)
Por expressar um significado digamos “evoluído”, também podem ser chamados de pseudoprefixos.

Obs.: Na última prova do ICMS-RJ, foi pedida a análise da palavra “autodestruição”. A partir do que foi acima exposto, percebemos que não se trata de recomposição, já que o prefixo “auto” está sendo usado com seu sentido original.

Observação Final: algo que causou bastante dificuldade nessa mesma questão da última prova do ICMS-RJ foi a escolha, pela banca, de palavras que sofreram sucessivos processos de formação, de forma a praticamente impossibilitar a correta classificação.
As palavras foram “renováveis” e “dilapidação”, que sofreram derivação parassintética na formação dos verbos “renovar” e “dilapidar”, e posteriormente, sofreram derivação sufixal. Nesses casos, devemos considerar apenas o último processo: derivação sufixal.

Bom pessoal, como tentei escrever o texto da forma mais completa possível, é possível que algumas partes tenham ficado um pouco complexas. Mas, de um tempo pra cá, passei a receber visitas de estudantes de Letras no blog. Por isso, acabei acrescentando divergências que possam ser pedidas em provas no nível da graduação.
Poderia ter incluído outros processos como o neologismo e a onomatopéia, mas acredito que sejam assuntos que transcendem o assunto de formação de palavras, sendo necessário o estudo de outros ramos da língua portuguesa.

Um abraço!
Diego Garcia (Dimalkav)
dimalkav@yahoo.com.br





quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Estrutura das Palavras

Olá pessoal!
O texto de hoje trata do tema Estrutura das Palavras,  que, apesar de ser dificilmente cobrado em provas de concurso, é a base para o assunto Formação de Palavras, este último sim muito importante para algumas bancas, como a FGV. A título de curiosidade, houve uma questão de formação de palavras nas duas últimas provas do ICMS-RJ. Nesta última, foi a questão mais difícil da prova de português.
Tratarei de Formação de Palavras no próximo post!



Estrutura das Palavras

1- Morfemas: unidades mínimas de significado (gramatical ou lexical).
Exemplo: dias (dia = morfema lexical / s = morfema gramatical)
No exemplo, dia é um morfema livre, pois pode figurar como um morfema autônomo, ou seja, forma uma palavra por conta própria. Isto não ocorre com o morfema s, chamado de morfema preso.
Os morfemas livres são representados por palavras de classes gramaticais abertas (substantivos, adjetivos, verbos e advérbios de modo), podendo ser criados novos deles. Por outro lado, os morfemas presos  pertencem a séries fechadas (artigos, pronomes, numerais, preposições, conjunções e demais advérbios), já que existem em número limitado nas diversas línguas. A esta última categoria, deve-se incluir as formas indicadoras de número, gênero, tempo, modo ou aspecto verbal.
Obs.: morfemas lexicais = lexemas / semantemas
         morfemas gramaticais = gramemas / formantes

2- Radical: base lexical (morfema lexical) das palavras de mesma origem, sendo a ele adicionados morfemas gramaticais. Em outras palavras, o radical carrega o significado básico da palavra.
Exemplos: livraria / livreiro (algo referente a livro)

3- Desinências: são responsáveis pelas flexões nominais (gênero e número) e verbais (tempo e modo; número e pessoa).
Exemplos:
candidatas ( a = desinência de gênero / s = desinência de número)
passaremos ( re = desinência modo-temporal / mos = desinência número-pessoal)

4- Afixos: são elementos que agregam significado ao radical, formando uma nova palavra (por isso são também chamados de morfemas derivacionais). Quando inseridos antes do radical são prefixos. São sufixos aqueles localizados depois do radical.
Exemplos:
refazer ( re = prefixo que indica repetição)
cantor ( or = sufixo que indica ação)

Atenção: Apesar de ainda haver divergências, os gramáticos modernos não mais consideram a flexão de grau. O principal argumento contra esta flexão seria sua não obrigatoriedade de concordância, ao contrário do que ocorre com as flexões de número e gênero.
Exemplo: Veja que garotinha linda ( “lindinha” não é necessário)
Dessa forma, devemos considerar que na palavra “garotinha” há derivação sufixal.
Portanto, a velha expressão “concordo em gênero, número e grau” é, no mínimo, um exagero certo?! Basta concordarmos em gênero e número!

5- Infixos: são vogais ou consoantes que ligam radicais, afixos e desinências, facilitando a pronúncia da palavra formada. Não são considerados morfemas.
Exemplo: cafeZinho

6- Vogal Temática e Tema: embora colocados no mesmo tópico, possuem significados diferentes, ou melhor, complementares.
A vogal temática se junta ao radical do nome ou verbo a fim de prepará-lo para receber afixos e/ou desinências.
O tema é a união do radical e da vogal temática.
As vogais temáticas são as seguintes:
- nos nomes: A, E, O.
Obs.: nomes oxítonos ou terminados em consoante não possuem vogal temática, ou seja, são atemáticos.
- nos verbos: A, E, I. (indicam, respectivamente, 1ª, 2ª e 3ª conjugações)

Atenção:  vogal temática x  desinência de gênero
As vogais A e O podem exercer ambas as funções. Por isso, é necessário saber se a palavra em questão sofre flexão de gênero. Exemplos:
- tempo: não sofre flexão ( O = vogal temática)
- calça: no caso do substantivo, não sofre flexão. Já como verbo, a vogal indica a primeira conjugação. ( A = vogal temática)
- candidato: sofre flexão de gênero ( O = desinência)
Obs.: a título de informação, alguns gramáticos classificam a vogal O de nomes masculinos como vogal temática, desconsiderando o gênero masculino, de forma que teríamos apenas a flexão feminina a partir da palavra masculina. Na minha opinião, este é mais um dos diversos equívocos cometidos pelos gramáticos tradicionais. Esta classificação costuma ser estudada em cursos de Letras, sendo bastante improvável a sua cobrança em provas de concurso.


Até a próxima!


Diego Garcia (Dimalkav)
dimalkav@yahoo.com.br





sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

ICMS-RJ 2010


Olá pessoal!
Estava sumido né?!
Mas é por uma boa causa. O concurso da Receita vem ocupando todo o meu tempo. Por isso, faz tempo que não posto algo no blog.

Uma ótima notícia é que está quase tudo pronto para o ICMS-RJ 2010. O edital pode inclusive sair neste mês. Tudo indica que teremos um início de ano bem promissor para a área fiscal, com a segunda fase da Receita e outros concursos ainda não confirmados, como o ICMS-SC, que pode ser aberto a todos os cursos superiores.

A partir do dia 20 deste mês, darei continuidade às atividades normais do blog ok?!

Alterei o cor de fundo do blog a pedidos. Realmente fica ruim para a leitura, ainda mais pra quem lê o dia todo.

Um abraço!

Diego Garcia
dimalkav@yahoo.com.br

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

[Como estudar?] Língua Portuguesa











Olá pessoal!
Iniciando hoje uma série de postagens em que indicarei diversas fontes de estudo para cada matéria. Não poderia começar com outra matéria senão língua portuguesa. Este post será dinâmico, ou seja, atualizado conforme eu tenha outras dicas ou comentários.
Então vamos lá!


É muito comum, ao estudarmos para concursos, a seguinte pergunta: Qual é o melhor material para Direito Constitucional? E para Contabilidade? E por aí vai. No caso de Língua Portuguesa, esse tipo de pergunta é incompleto. Explico: cada organizadora tem um estilo próprio de cobrança. Não quero dizer que cada banca prefere certos assuntos, apesar de que isto aconteça algumas vezes. O problema é que o mesmo assunto é cobrado de formas diferentes. Eu ainda pretendo escrever um post para cada banca, dando dicas específicas, mas enquanto isso, darei algumas orientações gerais acerca de livros, cursos etc...


Antes de começarmos, conheça seu nível!
Seu nível de conhecimento da matéria é importantíssimo para traçar uma boa estratégia.
Antigamente, as provas de Português cobravam a memorização de regras gramaticais, com pouca ênfase em interpretação. Já nos últimos tempos, a interpretação de textos passou a ter mais importância, havendo provas que não cobrassem gramática, principalmente nos Vestibulares. A consequência foi um grande desinteresse pelo estudo da gramática, fazendo com que a maioria das pessoas tenha dificuldades e diga que Português é a língua mais difícil do mundo!
Caso você não esteja incluído na maioria citada, parabéns! Seu estudo será bem mais simples, reduzido à resolução de provas anteriores da banca organizadora do seu concurso. Será preciso apenas um bom material para consulta em dúvidas pontuais.
“Mas e se eu estiver incluído na maioria?”
Calma! Vou tentar ajudá-lo!


1- Livros


Escolher um livro/autor é algo bem pessoal, mas isto é justamente o que vocês procuram, não é mesmo?! Esta é uma das partes do texto que será atualizada conforme eu tenha contato com outros materiais.


- Gramáticas


Provavelmente você deve ter uma gramática dos tempos de escola guardada. Não importa se ela for antiga, já que ao contrário do Português informal, o formal, que precisamos saber para as provas, praticamente não muda.
“Mas e a Reforma Ortográfica?”
Ah, sim! Vamos deixá-la para um outro texto. Prometo escrevê-lo em breve. Não há motivo para muita preocupação, pois ainda estamos no período de transição.
Se você não tiver uma gramática em casa e não conseguir com algum amigo ou parente, não precisa comprar uma nova. Temos materiais voltados para concursos mais indicados.


1.1 – Gramática para Concursos / Marcelo Rosenthal / Editora Campus


Este é o livro que eu sempre usei desde quando comecei a estudar para concursos. Não é tão profundo quanto uma gramática doutrinária, mas traz toda a matéria de forma resumida, sem muita enrolação.
Acredito ser suficiente para muita gente. Entretanto, algumas pessoas ainda terão dificuldade em alguns assuntos, principalmente na parte de Sintaxe. Estas pessoas precisarão de aulas, de preferência presenciais (melhor ainda se forem particulares), pois poderão tirar suas dúvidas diretamente com um professor.
Já há uma versão atualizada deste livro (setembro de 2009), trazendo comentários sobre o Acordo Ortográfico.


1.2 – Série de Provas Comentadas / Editora Ferreira


Salvo engano, há edições sobre as seguintes bancas: ESAF, FCC, CESPE, CESGRANRIO, FGV e NCE. A maior parte dos livros são do Décio Sena, e trazem várias provas com gabarito comentado. Não preciso dizer que são essenciais para conhecer o estilo da banca né?!
É claro que você pode baixar as provas de graça e estudar a banca por conta própria, mas só aconselho fazer isso se já tiver um bom nível na matéria. Além do mais, você terá explicações mais detalhadas de alguns assuntos.
Atualmente, novas bancas estão aparecendo no cenário. Nesses casos, a análise de questões anteriores deve ser feita.


Obs.: Há muitos outros livros no mercado, mas ainda não tive oportunidade de analisá-los. Por isso, não os comentarei por enquanto. Os livros já citados resolvem o problema de bibliografia.


2- Cursos


Um curso, de qualquer matéria, deve ser escolhido pelo professor. Como nunca fiz aulas presenciais de Português, minha dica é que pesquisem com colegas sobre a qualidade dos professores na sua cidade.
Os dois autores que citei na indicação bibliográfica são professores aqui no Rio de Janeiro. O Rosenthal também é professor do Canal dos Concursos.
No Ponto dos Concursos, é possível fazer o curso da professora Cláudia Koslowisk. Já no Euvoupassar, três professores (Marcelo Bernardo, Marcelo Braga e Myrson Lima) participam com artigos e aulas, mas ainda não temos um curso completo.
Todas são ótimas opções. Cabe a você utilizar aquele que melhor condiz com seu orçamento, pois os preços variam bastante.


3- Leitura


Ler é a melhor forma de preparação para provas de interpretação. Por mais que alguém não goste de ler, se quiser passar num concurso concorrido, como os da área fiscal, por exemplo, duvido que esta pessoa consiga ter êxito.
Um aviso: tomem cuidado com sites de relacionamento e fóruns de concurso. Principalmente nos primeiros, “mas” vira “mais” com uma facilidade enorme, só para citar um exemplo. Infelizmente, isso também ocorre em fóruns, onde as pessoas deviam pelo menos tentar escrever corretamente. Ainda mais agora com a moda das provas discursivas.
Uma leitura adicional (literatura e/ou jornais) também é aconselhável, para ter contato com outros estilos de escrita. Escreverei um pouco mais sobre a importância da leitura no texto sobre como estudar línguas estrangeiras.


4- Conclusão


Vocês puderam perceber que estudar Língua Portuguesa para concursos é uma questão de adaptação a cada prova com uma banca diferente. Cabe aos concurseiros se adaptarem às mudanças.
A importância da matéria é indiscutível. Além de ser a matéria mais cobrada em provas, tem recebido uma atenção cada vez maior (peso maior, aumento do número de questões etc).


Esta é apenas a versão inicial do texto. Tenho tido muito pouco tempo para me dedicar ao blog. Acredito que esta situação mude no início do ano que vem. Dessa forma, atualizarei o texto com diversas informações adicionais.
Sintam-se à vontade para comentarem sobre professores e livros que conhecem ok?!


Por enquanto, é isso!


Um abraço!
Diego Garcia (Dimalkav)
dimalkav@yahoo.com.br










sábado, 26 de setembro de 2009

Simulado 2 FGV – Questões Comentadas

Fala aew galera!
Vamos aos comentários das questões do último simulado.

Comentário Geral: bem pessoal, todos que se prepararam para o último ICMS-RJ tiveram uma surpresa ao começarem a fazer a prova, já que houve muitas mudanças em relação ao estilo tradicional da FGV. Não tivemos questões tidas como obrigatórias em qualquer prova da referida banca. Esta mudança se deu em virtude da alteração da banca de Língua Portuguesa.
Dessa forma, tentei, neste simulado, colocar questões do novo estilo, mas sem deixar assuntos tradicionais de fora, já que não temos garantia alguma de que os examinadores sejam mantidos.
Considero o nível deste simulado médio, porém com muitas pegadinhas! Acho que todas as questões tinham no mínimo uma casca de banana. É o que veremos a seguir:

Questão 01 – Marque a opção incorreta, em relação à estruturação e ao desenvolvimento do texto:

a) A alteração do título, transformando-o em uma afirmação, ou seja, retirando-se o ponto de interrogação, mudaria o foco temporal da análise feita pelo autor.
b) O pensamento de Monteiro Lobato é usado na introdução do texto como argumento a ser combatido, no restante do texto, assim como ocorreu na época da ditadura.
c) Tanto o título quanto o desenvolvimento do texto apontam para uma dificuldade na discussão do tema proposto, embora tenha havido certo avanço em relação ao passado, quando não havia nem mesmo a possibilidade de debater o assunto.
d) Apesar de ser um texto da Secretaria da Fazenda do Estado do RJ, o texto não se restringe a abordar o tema de forma local, fazendo referências, inclusive, a outros países que têm dificuldades similares.
e) A conclusão do texto mostra que as autoridades do Estado do RJ consideram injusta a nova regra relativa ao pré-sal.

Comentário: Esta questão, em situação de prova, deveria ser deixada de lado num primeiro momento, pois é necessária a leitura de todo o texto (algo que levaria preciosos minutos da P1). Por outro lado, é uma questão extremamente fácil, principalmente para quem tem certa dificuldade em gramática. Dependendo do seu caso, esta questão seria importantíssima!
O item incorreto se encontra na opção B, pois o pensamento de Monteiro Lobato é defendido pelo autor. A relação com a ditadura está correta. Naquela época, este tipo de pensamento não era tolerado pelo governo ditador.


Questão 02 – Especificamente em relação às comparações feitas entre o Brasil e os países estrangeiros, marque a opção correta:

a) A situação brasileira é comparada a de de países como Noruega, Rússia, Angola, Japão, de forma a dar exemplos de ações que devam ser tomadas pelo Governo.
b) A autoconfiança do governo russo, juntamente com o sucesso nas transações com a Sibéria, mostram a vantagem do modelo de partilha.
c) O modelo adotado na Noruega, tendo semelhanças e diferenças, deve ser tido como exemplo mais por estas do que aquelas.
d) O autor se posiciona a favor da ANP adotar o mesmo sistema utilizado pelos governos americanos e sauditas, a fim de reforçar o pacto federativo.
e) Apenas com a implantação das novas regras será possível fazer contratos com países asiáticos e africanos.

Comentário: Acredito que esta questão tenha sido mais simples do que a primeira, por focar em uma parte específica do texto. A mera leitura do texto já eliminaria a opção A, por exemplo. Uma forma de confundí-los foi utilizar elementos anafóricos, pois na pressa de resolver a questão, é comum fazermos relações erradas.
Segue o parágrafo que confirma a resposta da questão:
“É importante esclarecer certas coisas: na Noruega, o petróleo novo é administrado por uma agência igualzinha à ANP. A muito falada companhia Petoro foi criada para administrar campos originalmente da Statoil, logo antes desta ser privatizada, em 2001. Ela resulta desse desmembramento da estatal, anterior à privatização. Ou seja, o movimento lá foi o contrário do que se propõe aqui, que é pegar as reservas da União e dar uma parte para uma companhia aberta cuja maioria do capital é negociado na bolsa (a Petrobras).”
A redação da opção C não ficou boa, mas o fiz de propósito, já que isto, algumas vezes, é a regra, quando deveria ser a exceção. Creio que muitos não marcariam esta a esta alternativa na hora da prova por terem tido dificuldade em entendê-la.


Questão 03 – “Basta um decreto do presidente para ajustar as participações especiais para 70%, ou qualquer outro valor.” (linha 53)
Indique a opção em que a palavra ou expressão não tem a mesma função do sintagma sublinhado.

a) “Como o dinheiro é fungível, os bilhões de reais formalmente de direito da ANP, ao serem economizados, permitem à União financiar aposentadorias no Maranhão, Amapá ou Mato Grosso”
b) “Reforçar a ANP - que, pela lei atual, tem como saber tudo que a empresa exploradora faz, parece bem mais seguro.”
c) “Quando se conjuga a partilha com a "unitização" já prevista, cria-se enorme insegurança jurídica em relação aos campos já licitados.”
d) “É importante esclarecer certas coisas: na Noruega, o petróleo novo é administrado por uma agência igualzinha à ANP.”
e) “Até agora, não existe explicação oficial de por que a "partilha" seria melhor do que o marco atual das "participações especiais".”

Comentário: Primeiramente, devemos classificar o sintagma sublinhado no enunciado. Esqueci de sublinhar “do presidente”. Dessa forma, o sujeito do verbo “bastar” ficou incompleto. Seria mais fácil se eu apenas pegasse os núcleos...
Devemos, então, procurar a opção que não nos apresenta um sujeito. Na opção B, temos um objeto direto. Esta é a resposta!
Percebam que era mais difícil classificar a expressão do enunciado. Uma pessoa desatenta poderia pensar que “um decreto do presidente” seria objeto direto por estar localizado após o verbo.
Na opção A, a conjunção “como” poderia ser confundida com o verbo “comer” numa leitura apressada, sem atenção ao contexto.
Na opção C, temos voz passiva. Caso contrário, “a partilha” seria objeto direto do verbo conjugar. Este tipo de construção já foi abordado no tópico de dicas para o ICMS-SP. Pretendo, em breve, escrever algo mais completo sobre a partícula “se” ok?!
Na opção D, “esclarecer certas coisas” é oração subordinada substantiva subjetiva.
Na opção E, tudo que foi sublinhado é sujeito do verbo “existir”.


Questão 04 – “Até agora, não existe explicação oficial de por que a "partilha" seria melhor do que o marco atual das "participações especiais".” (Linhas 15-16)
A opção em que a palavra sublinhada completa a frase corretamente é:

a) Estudarei durante a semana da prova _________ minha memória é muito fraca.
b) A banca não justificou o __________ das anulações.
c) Não fará a prova ___________?
d) Estes são os livros ___________ estudei para o último concurso.
e) ___________ achava que não passaria, nem foi fazer a prova.

Comentário: coloquei esta questão por um motivo especial. Muita gente anda achando que não pode cair ortografia por causa do novo acordo ortográfico. Cabe ressaltar que não foram todos os assuntos de ortografia que sofreram alterações. Este é um que as bancas gostam de cobrar, pois poucas pessoas sabem todas as regras dos “porquês”.

a) Estudarei durante a semana da prova porque minha memória é muito fraca.
Sem problemas aqui, creio eu. Este é o “porquê” que mais usamos: conjunção subordinativa causal. Deve ser grafado junto com acento, com exceção de frase interrompida, quando utilizamos acento.

b) A banca não justificou o porquê das anulações.
O porquê = o motivo. Basta substituir! Sempre que for substantivo, deve ser escrito junto e com acento.

c) Não fará a prova por quê?
Primeiramente, pergunta = separado.
Início ou meio da frase = sem acento
Final da frase = com acento

d) Estes são os livros por que estudei para o último concurso.
Este é um caso incomum tanto no português informal quanto no formal. Sempre preferimos usar “pelos quais” né?!
Então é só lembrar: sempre que o “que” for pronome relativo, devemos separá-lo da preposição “por”.

e) Porque achava que não passaria, nem foi fazer a prova.
Mesmo caso da opção A. Eu apenas inverti a ordem natural da oração.


Questão 05 – “A muito falada companhia Petoro foi criada para administrar campos originalmente da Statoil, logo antes desta ser privatizada, em 2001. Ela resulta desse desmembramento da estatal, anterior à privatização.”
A opção em que o sinal indicativo de crase foi usado de maneira correta é:

a) Reluto à vida inteira em comprar livros pela Internet com medo de não recebê-los.
b) Minha tia comprou um belo presente à Pedro.
c) À medida que usei no meu foi diferente da que usei no seu.
d) O candidato se referia à questões passadas.
e) Às vezes, acabamos errando questões fáceis por puro nervosismo.

Comentário: como foram poucos os casos de crase no texto, tive que criar as alternativas...
As alternativas A e B foram propositalmente escritas de maneira errada. Quem reluta, reluta em fazer algo. Quem compra algo, compra para alguém (no sentido da frase).
A alternativa C era uma pegadinha! A locução “à medida que” leva crase, mas este não é o caso. “A medida” é sujeito do verbo “foi”. Não há preposição, portanto.
Na alternativa D, apesar do verbo “referir-se” pedir preposição, não temos artigo, pois a substantivo “questões” está no plural.
A alternativa E é a resposta. “Às vezes” é uma expressão feminina. É interessante observar que sem crase, teríamos um sintagma nominal (um sujeito, no caso). Obviamente, a frase não teria sentido, mas é bom ficarem atentos, pois principalmente quando não há ambiguidade, a tendência é esquecermos a crase.

Questão 06 – Marque a opção em que a palavra “que” sublinhada exerça função diversa daquela exercida nas demais alternativas:

a) Por que o governo entrar no ramo de vender petróleo é melhor do que ele ficar no ramo de recolher tributos? (Linhas 16-17)
b) Então, vale a pena ventilar questões que não têm cunho bairrista e interessam a todos. (Linha 10)
c) Elas têm a ver com entender se há razão para rejeitar o atual marco regulatório- sob o qual a Petrobras teve extraordinário sucesso, inclusive fortalecendo sua posição em relação às companhias estrangeiras que preferiram, em sua maioria, formar consórcios com ela, mesmo sem serem obrigadas. (Linhas 11-14)
d) Dos BRICs, a Rússia é o que está em pior situação, apesar da enorme autoconfiança do governo há dois ou três anos. (Linhas 23-25)
e) O dinheiro que vai para a União fica em um "fundo soberano", formando o superávit primário e depois financeiro do governo federal. (Linhas 62-64)

Comentário: a função da palavra “que” é a de pronome relativo nas opções B, C, D e E. Apenas na opção A, resposta da questão, temos uma conjunção.
Apenas como comentário adicional, recomendo o estudo das diferentes funções desta palavra, principalmente nas orações adjetivas, tema muito cobrado atualmente. Neste caso específico, apesar de não haver mudança na função sintática, a simples inserção de uma vírgula altera todo o sentido da oração.
Todas as orações da questão são restritivas, já que não estão isoladas por vírgulas.


Questão 07 – “Haverá quem diga que há países em que a partilha funciona e que as companhias estrangeiras virão, qualquer que seja o marco regulatório. Pode ser, mas não é claro que o modelo da Rússia tenha sido tão vantajoso para o povo russo, apesar das majors terem aceito a barganha com os grandes campos da Sibéria.”
Este trecho, retirado do texto, apresenta um erro gramatical. Indique a opção em que o trecho foi reescrito da maneira correta.

Comentário: farei as devidas correções diretamente nas alternativas.

a) Há (a mudança de tempo verbal traria alteração de sentido) quem diga que há países em que a partilha funciona e que as companhias estrangeiras virão, qualquer que seja o marco regulatório. Pode ser, porém não é claro que o modelo da Rússia tenha sido tão vantajoso para o povo russo, apesar das (de as) majors terem aceito a barganha com os grandes campos da Sibéria.


b) Haverá quem diga que existem países em que a partilha funciona e que, (esta vírgula faz uma interrupção indevida no texto) as companhias estrangeiras verão, qualquer que seja o marco regulatório. Pode ser, mas não é claro que o modelo da Rússia tenha sido tão vantajoso para o povo russo, apesar das (de as) majors terem aceito a barganha com os grandes campos da Sibéria.
c) Haverão (o verbo haver não vai para o plural neste caso) quem diga que há países em que a partilha funciona e que as companhias estrangeiras virão, qualquer que seja o marco regulatório. Pode ser, mas não é claro que o modelo da Rússia tenha sido tão vantajoso para o povo russo, apesar de as majors terem aceito a barganha com os grandes campos da Sibéria.
d) Haverá quem digam ( o verbo deve concordar com “quem”) que há países nos quais a partilha funciona e que as companhias estrangeiras virão, qualquer que seja o marco regulatório. Pode ser, mas não é claro que, (esta vírgula faz uma interrupção indevida no texto) o modelo da Rússia tenha sido tão vantajoso para o povo russo, apesar das (de as) majors terem aceito a barganha com os grandes campos da Sibéria.
e) Haverá quem diga que existem países nos quais a partilha funciona e que as companhias estrangeiras virão, qualquer que seja o marco regulatório. Pode ser, porém não é claro que o modelo da Rússia tenha sido tão vantajoso para o povo russo, apesar de as majors terem aceito a barganha com os grandes campos da Sibéria.

Comentário complementar: o erro identificado no texto original diz respeito ao uso indevido da contração da preposição “de” + o artigo definido “as”. É proibido utilizar este processo quando o artigo se refere ao sujeito da frase.
Em vez de cobrar a regra de forma direta, apenas fiz com que perdessem tempo lendo as longas alternativas.
As questões de pontuação da FGV costumam seguir este padrão. Portanto, atenção e paciência! Normalmente é um ponto fácil de ser obtido.


Questão 08 – Indique a opção em que o termo sublinhado não exerce função de adjunto adnominal ou complemento nominal:
a) Ambos são formas do governo capturar parte do excedente do petróleo, depois de deduzidos os custos de produção.
b) O governo já teve experiências como vendedor de commodities - a mais notável sendo o Instituto Brasileiro do Café (IBC), criado para proteger os produtores de café.
c) Além disso, o Estado do Rio de Janeiro vê com preocupação propostas que acirrem ânimos dentro da Federação - até porque ele sempre foi pela concórdia e paz, e tende a dar mais do que recebe da União ou dos seus irmãos da Federação.
d) Mas, no caso da partilha é como se o governo pegasse uma percentagem dos sacos de soja do plantador de Goiás e fosse vender por conta própria (como o IBC fazia, especulando com o café nos mercados europeus).
e) Basta um decreto do presidente para ajustar as participações especiais para 70%, ou qualquer outro valor.

Comentário: como temos um artigo inteiro sobre a diferença entre complemento nominal e adjunto adnominal e este não é o objetivo da questão, vou limitar os comentários às alternativas C e D.
Nunca vi este tipo de questão em prova, mas não custa ficarmos atentos a este caso especial, que não é complemento nominal, muito menos adjunto adnominal.
Para quem não conhece a regra, é impossível acertar a questão, pois vão justamente eliminar as letras C e D de cara, pois aparentemente apresentam o mesmo tipo de expressão.
A regra é a seguinte: quando o termo preposicionado for o nome oficial daquele a que se refere, teremos um tipo especial de aposto. É o que acontece na opção C, resposta da questão.
Já na opção D, percebemos que “Goiás” não é o nome oficial do plantador certo?! Temos assim um adjunto adnominal.
Interessante foi encontrar ambos os exemplos no próprio texto. Muito cuidado com esta regra ok?!

Questão 09 – “Nesse cenário, o governo pode exigir que um campo já licitado, vizinho a uma área virgem do pré-sal, seja tratado pela nova regra. E, assim, forçar o atual concessionário a aceitar a nova regra sobre o conjunto "unitizado", ou devolver a concessão. Esse risco não estimula o investimento dos concessionários.” (Linhas 57-60)
As palavras sublinhadas têm função, respectivamente:

a) anafórica e dêitica
b) dêitica e dêitica
c) catafórica e anafórica
d) anafórica e anafórica
e) dêitica e catafórica

Comentário: ambas as palavras se referem a ideias apresentadas anteriormente pelo autor, de forma que exercem função anafórica.
Lembrando que já escrevi um texto sobre essas funções aqui no blog. Quem tiver dúvida é só dar uma conferida no artigo.


Espero que as questões sejam úteis na preparação de vocês!
Se tiverem alguma dúvida, postem na área de comentários e tentarei saná-las ok?!
Um abraço!


Diego Garcia (Dimalkav)
dimalkav@yahoo.com.br